É de noite. Estou sentado junto de uma fogueira que me proporciona a luz necessária para poder escrever-vos de novo, nesta segunda semana da Quaresma.
Ao olhar o fogo, penso em vocês e como gostam da noite! A noite para vocês é sinónimo de diversão, música, festa, alegria, amigos... e tudo isso ocupa um lugar central na vossa vida. Muitos de vocês procuram no vosso tempo livre a auto-realização e o afecto que vos motiva e anima. Desejam ter uma experiência interior intensa, transformante e quase de êxtase em cada festa.
Hoje imaginava que a experiência diante de Jesus transfigurado, que Pedro, Tiago e João tiveram, deve ter sido assim: festiva, intensa, de uma alegria desconhecida, uma experiência transformante e quase embriagante. Como diz o salmo: “tu dás ao meu coração mais alegria do que quando abunda o trigo e o vinho” (Sal 4, 8). A experiência afectiva do Senhor, o contemplá-lo como Ele é, e o poder desfrutar intensamente da sua amizade, do seu olhar e da sua palavra é o que nos entusiasma e fascina.
Perguntarão donde é que me saiu a ideia que os discípulos estavam tão entusiasmados. Pois bem, eles próprios é que disseram a Jesus: “Que bom é estarmos aqui. Façamos três tendas...” e fiquemos (Cf. Mc 9, 5). Não é isto que vocês sentem nas festas? Mas vejo que há uma diferença entre as vossas festas e a que Jesus proporciona aos seus amigos: a vossa acaba quando acaba a noite; e a de Jesus continua sempre, porque a sua presença é que faz a festa. Ele acompanha os seus amigos no caminho, provocando a transfiguração da vida e dando-lhes continuamente o prazer da sua companhia.
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